Hanseníase: saiba como identificar e tratar
Identificada em 1873, a hanseníase, popularmente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. É conhecida como uma das doenças mais antigas do mundo e possui casos registrados na China, Egito e Índia. A hanseníase tem cura, mas, se não tratada, pode deixar sequelas.
Hoje, o tratamento é oferecido gratuitamente em todo o mundo. Cerca de 90% da população mundial têm formas de se defender contra a doença. O período de aquisição da doença até a manifestação dos seus sintomas, varia de seis meses até cinco anos, podendo se manifestar de diferentes formas, de acordo com genética de cada pessoa.
Sintomas
Os sintomas da hanseníase, são caracterizados por lesões na pele acompanhadas ou não de perda sensorial.
- Lesões na pele indicada por manchas mais claras que a cor da pele ou avermelhadas, nódulos, placas;
- Diminuição da sensibilidade na área das lesões, podendo ocorrer a perda da sensibilidade também;
- Formigamento ou dormência nas mãos ou pés;
- Ferimentos ou queimaduras indolores nas mãos ou nos pés;
- Inchaço nos lóbulos das orelhas e na face;
- Perda de força nos músculos pelos nervos acometidos;
- Dedos em garra;
- Pés caídos;
- Ressecamento dos olhos;
- Perda da sobrancelha;
Alguns sintomas podem ser detectados a partir das lesões de pele, normalmente acompanhadas também da perda de sensibilidade. Com o possível avanço da doença, outros sintomas mais graves podem ser manifestados.
Quanto mais precocemente a doença for diagnosticada, mais rápido deve ser início do tratamento e maiores as chances de cura sem sequelas. Todo diagnóstico e tratamento são fornecidos gratuitamente nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).
Causas da Hanseníase
O bacilo de Hansen, bactéria responsável, destaca-se por ser capaz de infectar uma grande quantidade de pessoas, porém, poucos adoecem, o que significa que ele apresenta baixa capacidade de causar a doença.
A doença é transmitida, pelo contato direto com pessoas que estão infectadas, quando o doente elimina o agente causador por meio das vias aéreas superiores. O contato com o doente, para que ocorra a transmissão, deve ser direto e prolongado.
É importante lembrar, que logo no início do tratamento, a pessoa portadora da bactéria para de transmitir a doença.
Como diagnosticar?
O diagnóstico da hanseníase é clínico e epidemiológico. Deve ser realizado por meio do exame geral para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade ou comprometimento de nervos periféricos.
Em casos de crianças, o diagnóstico exige uma avaliação ainda mais criteriosa, pois existe a dificuldade de aplicação e da interpretação correta dos testes de sensibilidade. Casos identificados em crianças, sinalizam uma transmissão ativa da doença, que ocorre especialmente entre os familiares, portanto a investigação dos contatos é intensificada. Recomenda-se utilizar o “Protocolo Complementar de Investigação Diagnóstica de Casos de Hanseníase em Menores de 15 Anos”, para identificar casos de crianças com hanseníase.
O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis. Entretanto, se vier a causar impacto psicológico, deve haver uma abordagem apropriada pela equipe de saúde, para que ocorra a aceitação do problema e maior adesão ao tratamento. Essa atenção deve ser oferecida no momento em que o paciente é diagnosticado, no decorrer do tratamento da doença e, se possível, após a alta.
Tipos de Hanseníase
A hanseníase é classificada em três tipos, que variam de acordo com a resposta do nosso organismo à presença da bactéria. Existem quatro formas clínicas: indeterminada, paucibacilar (com poucos bacilos), borderline ou dimorfa e lepromatosa ou multibacilar (com muitos bacilos).
Hanseníase indeterminada
Se caracteriza pela fase inicial da doença que espontaneamente evolui para cura, por conta do sistema imunológico do indivíduo que é capaz de combater a bactéria. É notada apenas por uma pequena mancha na pele, avermelhada com algum distúrbio de sensibilidade e bordas levemente elevadas. 90% dos casos, acontecem normalmente em crianças.
Quando começa nesse estágio, somente 25% dos casos podem evoluir para formas mais graves, o que pode ocorrer em um período de 3 a 5 anos.
Hanseníase paucibacilar
A hanseníase paucibacilar é a forma mais benigna, que ataca os indivíduos que possuem alta resistência ao bacilo de Hansen. O sistema imunológico da pessoa que possui esse tipo, não consegue destruir o bacilo e também não permite que ele se espalhe pelo corpo.Caracterizado pela presença de poucos bacilos, que podem não ser detectados. A doença não é contagiosa nesse estágio..
Hanseníase borderline ou dimorfa
É a forma intermediária da doença, resultado de uma imunidade também intermediária. Nesse tipo existem mais manchas e elas podem atingir grandes áreas da pele, envolvendo partes onde existe pele sadia também. Avança para os nervos próximos as lesões, por isso pode ocorrer neurites agudas de grave prognóstico.
Hanseníase multibacilar, lepromatosa ou virchowiana
Nesse tipo de hanseníase, ocorre a manifestação mais grave e contagiosa da doença, sendo é caracterizada pela presença de seis ou mais lesões na pele. A hanseníase multibacilar apresenta-se quando o paciente possui um sistema imunológico inapto a controlar a proliferação da bactéria.
Formam-se várias lesões avermelhadas e elevadas, em casos graves, existem o aparecimento de nódulos, inchaços generalizados, erupções cutâneas, dormência e fraqueza muscular. Geralmente, o lobo das orelhas e o cotovelo e atingido, porém nariz, rins e órgãos reprodutivos masculinos também podem ser afetados.
Tratamento
O tratamento, gratuito é fornecido pelo SUS - Sistema Único de Saúde. Tem o tempo de duração variado, que pode ser de seis meses, nas formas paucibacilares, a um ano nos multibacilares, podendo ser prorrogado ou ocorrer a substituição da medicação em alguns casos especiais. O tratamento tem eficácia e cura. Logo após a primeira dose da medicação, não ocorre mais o risco de transmissão durante o tratamento, fazendo assim com que o paciente possa conviver em meio à sociedade.
Prevenção
É importante nos mantermos informados e atentos aos sinais e sintomas da doença, pois, quanto mais cedo for identificada, mais fácil e rapidamente poderá ocorrer a cura. Deve ser feita a realização do exame dermato-neurológico para descartar qualquer possibilidade da doença e a aplicação da vacina BCG nas pessoas que vivem com os portadores desta doença.
A hanseníase, tem tratamento e se feito da forma adequado o paciente pode ser curado e deixará de transmitir a doença. Há muito tempo temida, a hanseníase tornou-se um estigma social carregado de preconceitos e discriminação. Hoje, porém, com o tratamento disponível, é uma patologia facilmente controlável, sendo o isolamento do paciente em tratamento totalmente injustificável, visto que ao iniciar o tratamento ele deixará de ser um vetor de transmissão.
O que achou das nossas dicas? Curta, compartilhe e deixe sua sugestão ou comentário. E não se esqueça de assinar a nossa newsletter, seu feedback é muito importante para nós. Até a próxima!